Sabe quando entram em pauta para o RH questões relativas à saúde ocupacional? A ideia é definir ações de prevenção para que os funcionários não adoeçam e, por consequência, precisem se afastar de suas atividades.
Para saber o que fazer e medir o sucesso de suas estratégias, a empresa precisa contar com indicadores de saúde ocupacional. Neste post, você vai conhecer quais são os principais.
Neste conteúdo, você encontra:
- O que é saúde ocupacional?
- Por que investir em ações de saúde na sua empresa
- 8 principais doenças desenvolvidas ou agravadas no ambiente de trabalho
- Principais indicadores de saúde na sua empresa
- Home office ou modelo de trabalho híbrido: como fica a saúde ocupacional?
- Qual papel do RH no cuidado com o colaborador?
- Primeiros passos para cuidar da saúde dos seus colaboradores
O que é saúde ocupacional?
Antes de qualquer coisa, precisamos definir o que é saúde ocupacional. Trata-se de uma área de medicina que foca na segurança e na saúde do trabalhador.
Seu foco são estudos e investigações que ajudam a prevenir doenças, acidentes e outros problemas que possam surgir no ambiente de trabalho.
Sendo assim, fica claro que a saúde ocupacional é algo que vai além dos exames que são de praxe e que fazem parte dos processos admissional e demissional, certo?
O cuidado com a saúde corporativa é algo que deve estar presente no dia a dia e você vai entender melhor o porquê disso a seguir.
Por que investir em ações de saúde na sua empresa
Investir em ações de saúde ocupacional é tomar medidas que promovam o bem-estar diariamente, sem precisar esperar o surgimento de uma doença ou outra questão afim.
Investir significa tirar dinheiro do caixa e destiná-lo a algo, mas esperando um retorno que faça a "despesa" valer a pena. É justamente isso que acontece quando a empresa pensa em saúde ocupacional.
Para que isso fique claro a você, vamos te apresentar as consequências, os ganhos esperados, a partir do investimento nesse tipo de cuidado. Confira:
Previne doenças e acidentes de trabalho
Já dizia o ditado, "é melhor prevenir do que remediar".
Ninguém gosta de ficar doente e é provável que você possa dizer por experiência própria que, ao adoecer, ficou pensando em como gostaria de ter se cuidado mais para evitar o problema.
Nem sempre isso é possível, mas em muitos casos, a prevenção é a chave que gera bem-estar e qualidade de vida. O que precisa ficar claro é que essa não é uma responsabilidade apenas de cada trabalhador.
Legalmente, a empresa tem a responsabilidade de tomar medidas para evitar acidentes e, considerando seus próprios interesses, deve ter também o cuidado de promover ações para evitar doenças ocupacionais e questões relacionadas.
Evita multas e processos trabalhistas
Se a empresa não adotar as medidas possíveis no que diz respeito à saúde ocupacional, pode receber multas durante alguma fiscalização ou ser processada por um funcionário lesado.
Quanto a isso, queremos ainda destacar duas questões relevantes:
- A exposição a perigos evidentes e a falta de equipamentos de proteção adequados (EPIs) são consideradas faltas graves que podem resultar na "justa causa do empregador";
- A CLT não prevê que empregadores enfrentem essa justa causa em razão de doenças psicossociais, mas o texto legal abre margem para essa interpretação e a decisão vai caber ao juiz do caso.
Isso significa que se o ambiente de trabalho não promover a segurança física e emocional dos trabalhadores, a empresa pode ter problemas inclusive na Justiça.
Aumenta a produtividade
Em contrapartida, quando a empresa investe em saúde ocupacional, cria um ambiente muito mais saudável em que os trabalhadores sentem que seu bem-estar é priorizado.
A simples sensação de valorização atrelada ao cuidado motiva os funcionários e contribui para o aumento da produtividade. Some isso ao fato de que pessoas saudáveis conseguem produzir mais e melhor.
Reduz gastos futuros
Nós bem sabemos que, se um funcionário precisa se afastar em razão de uma doença ou de um acidente, passados 15 dias, quem assume as responsabilidades financeiras é o INSS.
Isso não significa, porém, que uma questão de saúde ocupacional não tem chances de pesar no bolso da empresa.
Pode ser preciso bancar um processo seletivo e treinamento para contar com um profissional substituto, ainda que temporariamente.
Ainda, enquanto essa pessoa não está pronta para atuar, o ritmo de trabalho da equipe pode ser reduzido, afetando os resultados.
8 principais doenças desenvolvidas ou agravadas no ambiente de trabalho
Você viu que uma das principais vantagens de investir em saúde ocupacional é a possibilidade de prevenção de doenças ocupacionais e do trabalho, certo?
Mas quais enfermidades são essas e como elas podem ser agravadas no ambiente organizacional? Confira as principais!
1. Lesão por esforço repetitivo - LER
A LER é uma doença ocupacional bastante conhecida pela população, pois pode acometer profissionais de diversas áreas, já que é provocada pelo esforço repetitivo. Por isso, ela pode surgir tanto em trabalhadores da indústria como em jornalistas que atuam em home office, por exemplo.
Executar determinados movimentos repetidas vezes e de forma prolongada é o principal gatilho para desenvolver a enfermidade.
Com isso em mente, é fundamental que a sua empresa esteja atenta à postura do trabalhador, à forma como ele desenvolve as atividades e providenciar recursos para evitar o surgimento da LER.
2. Dorsalgias
Quem nunca sentiu dores nas costas depois de um dia intenso de trabalho? O problema é quando isso acontece com frequência por causa da atividade exercida, da má postura durante o expediente e do esforço indevido feito com a coluna.
Entre os tipos mais comuns de dorsalgias está a hérnia de disco, muito associada à postura inadequada ao sentar, levantar peso ou na utilização incorreta do tronco, como esforçar muito o membro e ficar muito tempo em pé. Isso pode ser agravado quando a pessoa está com excesso de peso.
3. Dermatose ocupacional
A dermatose ocupacional é uma enfermidade que surge na pele e mucosa pelo contato com agentes tóxicos ou que causam alergias, por isso, pode ser classificada também como uma doença profissional.
Esse tipo de anomalia se apresenta por infecções na pele, ulcerações ou pode até se manifestar por meio do câncer de pele.
Por isso, o equipamento de proteção é indispensável para trabalhadores que atuam diretamente com produtos que podem provocar qualquer tipo de lesão na pele.
4. Problemas oculares
As substâncias químicas e biológicas tóxicas podem agredir não só a pele, mas também a visão do profissional e causar problemas oculares. Isso acontece porque a substância fica no ar e acaba entrando em contato com os olhos do trabalhador.
Os problemas oculares também afetam outros tipos de profissionais, como os que trabalham em locais com luminosidade excessiva — muitas vezes expostos ao sol —, e quem trabalha em metalúrgicas e siderúrgicas, devido à exposição às altas temperaturas.
Os tipos de doenças visuais ocupacionais podem ser vários, desde os mais simples, causados pelo esforço ocular e que são tratados com o uso de remédios e utilização correta de óculos, por exemplo, quanto os mais graves, que podem causar cegueira total ou parcial.
5. Surdez - temporária ou definitiva
Outro problema de saúde provocado pelas condições de trabalho é a surdez, que pode ser temporária, em casos mais leves, e a surdez definitiva, dependendo do grau da doença.
Também é comum surgir em trabalhadores da indústria, de siderurgias e metalurgias, já que esses são locais cujas atividades demandam processos que geram ruídos altos, agudos e contínuos.
Porém, setores como aeroportos, construção civil e que envolvem a operação de maquinários também estão mais vulneráveis, são chamados de grupo de risco.
Tenha em mente que o risco está para os trabalhadores desses segmentos que lidam diretamente ou indiretamente com essas atividades.
6. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort)
Enquanto a LER é a lesão causada por esforço repetitivo, as doenças classificadas como Dort são semelhantes, porém, há uma integração maior de tipos de desgastes.
Ou seja: além de a lesão ser provocada por esforço repetitivo, nesse caso, há sobrecarga de peso e excesso de esforço físico para realizar determinadas atividades.
Entre as principais doenças do tipo estão a tendinite, as dores crônicas nas juntas, articulações e tendões, bursite e mialgia.
7. Estresse pós-traumático
Embora o estresse pós-traumático seja algo popularmente associado a acidentes, é importante entender que essa doença é muito comum em ambientes organizacionais devido às diversas circunstâncias de estresse que um trabalhador pode enfrentar.
Ao viver uma situação traumática — que pode ser um assédio moral ou sexual no trabalho, por exemplo — o colaborador pode desenvolver o transtorno mental que desencadeia em sensações ruins em vários momentos da vida, como os vividos durante o trauma.
O estresse traumático é um distúrbio mental bastante complexo, pois, se o trauma ocorre no ambiente de trabalho, o funcionário se depara com gatilhos emocionais a todo momento, o que prejudica muito a sua recuperação.
Porém, essa é uma doença que também pode não ter nenhuma relação causal com o ambiente organizacional. Ainda assim, é preciso que os gestores tenham atenção, pois mesmo causado por fatores externos, é algo que afeta o trabalhador e pode impactar na sua produtividade e bem-estar na empresa.
8. Síndrome de Burnout
Um dos transtornos mentais mais comuns no ambiente de trabalho é a síndrome de burnout. Ao contrário de um quadro de ansiedade ou estresse passageiro, o burnout é um distúrbio psíquico causado pelo esgotamento físico e mental do trabalhador.
Esse é um fator de alerta nas empresas, pois impacta muito a qualidade de vida e a saúde mental do profissional e pode desencadear em outros problemas de saúde como depressão, crises de pânico entre outros.
É importante que a empresa estimule uma competição saudável, faça uma melhor distribuição de atividades entre os colaboradores e reveja o modo como faz a gestão e controle das tarefas entre o time.
Principais indicadores de saúde na sua empresa
Com tudo isso, esperamos que já tenha ficado claro para você por que investir em saúde é importante para que, com isso, possamos falar sobre os indicadores de saúde ocupacional.
Esses indicadores são ferramentas capazes de ajudar seu RH a identificar se problemas de saúde podem estar acontecendo e prevenir uma situação mais significativa. Confira os principais:
Absenteísmo
Absenteísmo é o indicador relacionado à frequência dos funcionários. Quanto maior o número de faltas e atrasos no trabalho, maior é o número mostrado pelo índice.
Esse tipo de problema tem causas variadas e uma delas está atrelada a fatores de saúde ocupacional. Entre as causas comuns estão o estresse, a ansiedade e a síndrome do burnout que é desencadeada por excesso de trabalho.
Falamos, portanto, de situações que demandam avaliação do clima organizacional, da postura de lideranças, da distribuição de tarefas e dos cuidados com o bem-estar emocional dos funcionários.
A saber, um índice considerado aceitável para o absenteísmo varia entre 3% e 4%. Qualquer número acima disso tende a indicar problemas.
FAP
FAP é sigla para Fator Acidentário de Prevenção, um índice usado no cálculo do valor a ser pago pelo empregador para, eventualmente, arcar com aposentadorias especiais e custos de afastamento do trabalho.
Quanto maior o índice, maior o gasto da organização. Uma forma de diminuí-lo é adotar estratégias de prevenção para evitar doenças ocupacionais e acidentes.
Assim, o FAP, que é um incentivo para que empresas cuidem da saúde ocupacional, também indica o quão bem-sucedida a organização tem sido com suas ações.
Se o FAP está alto demais, significa que o número de casos de doença ou acidente estão elevados e a empresa precisa melhorar isso.
NTEP
Por sua vez, NTEP é sigla para Nexo Técnico Epidemiológico. Trata-se de um método que ajuda a mostrar quais doenças e acidentes estão, de fato, ligados à determinada atividade profissional.
Isso contribui para que o trabalhador tenha acesso aos seus direitos e para que a empresa entenda se houve e qual foi sua responsabilidade na situação vivida pelo funcionário.
Home office ou modelo de trabalho híbrido: como fica a saúde ocupacional?
As precauções para evitar doenças e acidentes do trabalho não devem ser negligenciadas quando a empresa adota o home office ou formato de trabalho híbrido, afinal, ainda nessas situações, garantir o bem-estar dos colaboradores é um dever da organização.
Tanto é que o Art. 6 da Consolidação das Leis do Trabalho é claro quando informa que:
Art. 6°. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.
Qual papel do RH no cuidado com o colaborador?
Já reparou como o RH exerce um papel fundamental e estratégico em toda jornada do colaborador? Desde a sua entrada, permanência e saída da empresa, o setor é um dos responsáveis diretos por promover uma boa employee experience e a saúde ocupacional está relacionada a isso.
É responsabilidade dos profissionais do departamento ter atenção às políticas de cuidado e promoção à saúde dos trabalhadores, seja física e mental, assim como promover a cultura da qualidade de vida em todas as ações da empresa.
Nesse sentido, cabe ao RH realizar avaliações periódicas, pesquisar melhores práticas, investir em medicina preventiva, ter atenção às ações da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho, elaborar programas específicos de saúde ocupacional, entre outros. Abaixo, você vai conferir algumas dicas. Continue lendo!
Primeiros passos para cuidar da saúde dos seus colaboradores
Para manter os indicadores de saúde ocupacional a níveis favoráveis, é preciso agir para cuidar da segurança e bem-estar dos trabalhadores. Para isso, sugerimos que você:
Ofereça ginástica laboral
A ginástica laboral consiste na prática de exercícios que visam prevenir o surgimento de lesões e outras doenças relacionadas ao trabalho.
Sua realização acontece no ambiente do trabalho mesmo, com duração de até 15 minutos. Durante esse tempo, os funcionários fazem alongamentos e outras práticas conforme orientação passada por um profissional especializado.
Atente-se à ergonomia
A ergonomia é a ciência que busca entender e melhorar a relação entre pessoas e suas condições de trabalho.
Em um contexto comum de escritório envolve o uso de cadeiras confortáveis, a altura de mesa adequada, a eventual necessidade de um apoio de pés, a distância entre a tela do computador e os olhos, e por aí vai.
Basta pensar, por exemplo, que a postura ou movimentos errados no dia a dia podem gerar dores musculares e, com o tempo, desencadear lesões mais graves.
A preocupação com a ergonomia deve ser estendida ao home office. Se sua empresa tem trabalhadores atuando de casa, considere enviar mobiliário e acessórios adequados, além de transmitir orientações de segurança e conforto.
Realize a SIPAT
A informação é uma grande aliada da prevenção e dos cuidados com a saúde ocupacional.
Por isso, a realização da SIPAT ou Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho figura entre nossas sugestões.
A ideia é que a empresa promova eventos, como palestras e aulas práticas, para informar e motivar os funcionários a seguirem medidas que favoreçam sua saúde no trabalho.
Invista em campanhas de saúde e bem-estar físicos, emocionais e sociais
Paralelo a tudo isso, sua empresa pode usar os canais de comunicação internos para divulgar campanhas que reforcem a importância de cuidar da saúde.
Há diversas questões que podem ser apresentadas, tanto para orientar quanto para motivar cuidados, e o esforço deve ser plural. Ou seja, deve pensar na saúde física, emocional e social.
Considere um bom plano de saúde
Por fim, cabe lembrar que consultas de rotina e check-ups também fazem parte das medidas de prevenção contra doenças e até acidentes.
Pagar para ter acesso à saúde pode ser caro se considerarmos a realidade financeira da maioria dos brasileiros. Sabendo disso, é interessante que a empresa estude a possibilidade de oferecer um plano de saúde aos funcionários.
A ideia é eliminar ou reduzir o custo que cada trabalhador teria para cuidar da própria saúde. Algo que permite que os atendimentos sejam buscados antes que a situação se agrave e se transforme em um verdadeiro problema.
Quer se aprofundar um pouco mais sobre a saúde dos seus colaboradores? Então baixe o nosso e-book sobre o assunto!