Organizar a escala de trabalho é um dos desafios de empresas que contratam via CLT. A escala é o planejamento dos horários e dias de trabalho dos colaboradores ao longo de um período, geralmente uma semana ou um mês.
Essa organização deve respeitar as normas da legislação trabalhista, além de equilibrar os interesses do negócio e o bem-estar dos trabalhadores.
Sendo assim, a escala de trabalho pode parecer algo simples, mas influencia diretamente a produtividade, o clima organizacional e o sucesso do negócio.
Continue a leitura dos tópicos para entender:
- Diferença entre jornada de trabalho e escala
- Importância da escala de trabalho para a empresa
- Tipos de escala de trabalho
- O que diz a CLT?
- 5 erros que você pode evitar na hora de fazer uma escala de trabalho
- FAQ
Diferença entre jornada de trabalho e escala
É comum que as pessoas confundam jornada de trabalho e escala. Mas, apesar dos dois conceitos estarem relacionados ao tempo de serviço do trabalhador, abordam aspectos diferentes.
A jornada é o período em que o trabalhador se dedica por dia ao serviço. No Brasil, é comum que as pessoas trabalhem 8 horas por dia, ou seja, tenham uma jornada de trabalho de 8 horas.
Já a escala, como vimos no início deste artigo, diz respeito a como serão distribuídos os horários de trabalho ao longo de um período (seja uma semana ou um mês).
Por exemplo, um profissional com jornada de trabalho de 8 horas pode ser escalado para trabalhar 5 dias consecutivos e folgar 2 (o que geralmente acontece no sábado e no domingo).
Ou seja: a escala é que determina em quais dias o colaborador irá cumprir a sua jornada de trabalho.
Saber qual é a jornada de trabalho do time é indispensável para organizar a escala de trabalho de forma coerente com a legislação trabalhista e o bem-estar dos colaboradores.
Importância da escala de trabalho para a empresa
Uma boa administração da escala de trabalho é fundamental para o sucesso de um negócio que contrata funcionários via CLT. Afinal, é ela que vai garantir que os colaboradores estarão à disposição da empresa para realizar o serviço no momento em que ela precisar.
Parece óbvio e simples, mas na realidade essa organização afeta os negócios de diversas maneiras. Veja alguns pontos:
Cumprimento da legislação trabalhista
A escala de trabalho precisa respeitar a legislação trabalhista brasileira. Como veremos com mais detalhes em breve, existem vários tipos de escalas e cada uma delas possui as suas regras.
É necessário garantir que os trabalhadores terão todas as folgas e intervalos, bem como respeitar as jornadas diárias máximas.
Bem-estar e produtividade
Uma boa escala de trabalho não leva em conta apenas as necessidades da empresa. É importante que os funcionários estejam disponíveis, mas com energia, saúde, e motivação para executar o trabalho da melhor forma possível.
Redução de custos
Quando a escala de trabalho não é programada com equilíbrio, a empresa pode enfrentar baixa produtividade e gargalos financeiros.
Uma boa organização dos dias de trabalho pode reduzir horas extras desnecessárias, assim como evitar sobrecargas de trabalho que podem levar a afastamentos e aumento de custos com planos de saúde.
Planejamento estratégico
Ter a escala de trabalho sob controle é essencial para que a empresa possa se planejar. Dessa forma, durante picos de demanda ou eventos especiais, por exemplo, é possível adaptar a organização e ter os colaboradores disponíveis.
Tipos de escala de trabalho
A escala de trabalho de um shopping é diferente do que a escala de um escritório de contabilidade. As necessidades do negócio, se a empresa atende ou não o público, o horário de abertura e fechamento, vários elementos precisam ser analisados para encontrar a organização ideal.
Por isso, existem vários tipos de escalas de trabalho. A seguir, conheça os principais formatos.
Escala 4x2
O modelo de escala 4x2 é uma opção escolhida por empresas que têm a capacidade de permitir que seus colaboradores trabalhem seis horas diárias, totalizando 24 horas por semana.
Nesse arranjo, os funcionários não contam com intervalos regulares durante o expediente, porém têm o direito a dois dias de folga semanais para compensar.
Vale destacar que a aplicação desse modelo requer um acordo entre o sindicato representativo da classe trabalhadora e a empresa. Também é possível que essa configuração seja regulamentada por acordos individuais ou acordos e convenções coletivos de trabalho.
Escala 4x3
Na escala 4x3, o funcionário trabalha 4 dias seguidos e folga 3. Esse modelo ainda não é muito comum no Brasil, mas está se popularizando em países como a Bélgica, os Estados Unidos e os Emirados Árabes.
Com uma semana de 4 dias de trabalho, sobra mais tempo para que os colaboradores descansem, resolvam problemas pessoais, tenham momentos de lazer e voltem recarregados.
Escala 5x1
Nesse formato, muito comum em empresas de telemarketing, a cada 5 dias de trabalho, o colaborador possui 1 dia de folga. O dia de descanso não acontece em um dia fixo. Se a primeira folga do mês caiu no domingo, por exemplo, a próxima será no sábado e assim sucessivamente.
Escala 5x2
Esse modelo é o mais comum nas empresas brasileiras! Nele, os colaboradores trabalham durante 5 dias e folgam dois dias consecutivos. Geralmente, os funcionários trabalham cerca de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira, e folgam sábados e domingos.
Escala 6x1
Como o nome indica, a escala 6x1 acontece quando o trabalhador atua por 6 dias e folga no sétimo. Nesse caso, a empresa decide se vai dividir as 44 horas semanais igualmente pelos 6 dias ou vai flexibilizar a jornada — fazendo com que ele tenha uma carga horária diferente em um ou alguns dias da semana.
Escala 12x24
Na escala 12x24 os números representam horas e não dias como os exemplos anteriores. Nessa organização, o colaborador trabalha 12 horas e folga 24 horas. Portanto, ela é adotada em casos em que o turno precisa ser muito longo, algo comum na área da saúde e da segurança, por exemplo.
Escala 12x36
Escala em que o funcionário trabalha 12 horas e, em seguida, folga 36 horas. Nesses casos, como o período de folga é longo, os colaboradores não têm direito ao descanso semanal remunerado.
Escala 18x36
Modelo em que o trabalhador presta serviços por 18 horas e depois descansa por 36 horas. Assim como a escala 12x36, esse tipo de organização pode significar pagamentos recorrentes de adicional noturno.
Escala 24x48
A escala 24x48 é um modelo de organização de jornada de trabalho em que os funcionários trabalham por 24 horas consecutivas e depois têm um período de descanso de 48 horas antes de retornar ao trabalho.
Ela não é permitida em empresas dos setores comerciais ou industriais. Entretanto, policiais e outros profissionais relacionados aos órgãos de segurança, podem atuar dessa forma.
O que diz a CLT?
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece várias diretrizes que precisam ser consideradas na organização da escala. É muito importante não perder de vista os direitos trabalhistas na hora de estabelecer as escalas de trabalho. Confira alguns dos principais:
- a escala deve ser organizada de forma que a jornada não ultrapasse as 44 horas de trabalho estabelecidas pela Constituição Federal;
- é necessário no mínimo de 11 horas de descanso entre duas jornadas de trabalho;
- em todos os tipos de escala, exceto na escala 12x36, o colaborador tem direito a no mínimo 24 horas consecutivas para descanso semanal remunerado. Esse descanso deve preferencialmente acontecer no domingo.
A Reforma Trabalhista de 2017, texto que deu mais poder de negociação na relação entre empregadores e empregados, também flexibilizou as organizações das escalas.
A escala 12x36, por exemplo, antes da reforma, era permitida apenas por meio de convenções coletivas e agora pode ser viabilizada por meio de acordos individuais e com o sindicato.
Outra mudança está relacionada aos intervalos. Antes, quem cumpria uma jornada diária de mais de 6 horas tinha direito a, no mínimo, 1 hora de intervalo. Após a reforma, caso haja uma convenção coletiva, o tempo mínimo de intervalo pode ser de 30 minutos.
5 erros que você pode evitar na hora de fazer uma escala de trabalho
Fazer uma escala de trabalho eficiente é um trabalho complexo. Vem ver 5 erros comuns para ficar de olho:
1. Ignorar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional
É muito importante que a escala de trabalho seja criada de forma humanizada. Afinal, além do trabalho, os funcionários possuem outras obrigações e necessidades. Quando existe um desequilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, a empresa também sai perdendo.
Afinal, colaboradores cansados, estressados, sem tempo para cuidar da própria saúde, não vão conseguir produzir da maneira que a organização precisa.
2. Falta de comunicação
Continuando o raciocínio do tópico anterior, os funcionários podem e devem ser envolvidos na criação das escalas. Esse diálogo pode criar soluções benéficas a todos! Após tudo ser definido, os horários e explicações de direitos trabalhistas devem ser repassados de forma objetiva para evitar conflitos.
Sempre que possível, vale a pena apoiar a flexibilidade, ou seja, permitir que os funcionários troquem de turnos ou escolham seus horários.
3. Não investir em tecnologia
Controlar o horário de entrada e saída dos colaboradores se torna um desafio ainda maior quando as escalas de trabalho mudam. A melhor forma de evitar confusões e manter uma boa organização de todas as informações da escala é apostar nas ferramentas tecnológicas disponíveis.
4. Solicitar as mudanças na última hora
Imprevistos acontecem, mas é importante manter um bom controle das demandas sazonais da empresa para evitar ter que convocar plantões ou mesmo contratar colaboradores temporários na correria. O gerenciamento das escalas de trabalho precisa ser realizado com muita atenção!
5. Desconsiderar a legislação trabalhista
Como vimos, existem várias leis e regulamentações trabalhistas que precisam ser consideradas pela equipe de gerenciamento de escalas. Para evitar processos ou injustiças, é necessário estar bem atento à legislação e buscar apoio jurídico para tirar dúvidas.
FAQ
Separamos algumas das dúvidas mais frequentes sobre escala de trabalho. Vem conferir:
A empresa pode alterar a escala de trabalho?
Sim. A organização pode fazer mudanças na escala de trabalho de acordo com as suas necessidades e as leis trabalhistas vigentes. No entanto, é necessário dialogar sobre essas alterações com o time e em alguns casos, com o sindicato da categoria.
Como fica a questão dos intervalos?
O trabalhador contratado via CLT e com jornada de trabalho superior a 6 horas tem direito a 1 hora de intervalo para alimentação e descanso.
Depois da Reforma Trabalhista, passou a ser permitido intervalo mínimo de 30 minutos com aval de uma convenção coletiva.
Já quem trabalha 4 ou 5 horas por dia tem direito a 15 minutos de intervalo.
Como fazer uma escala de trabalho?
É preciso observar uma série de itens para fazer uma escala de trabalho com eficiência:
- horários e dias de maior demanda da empresa;
- número de funcionários disponíveis e suas funções;
- possíveis custos trabalhistas (adicional noturno, horas extras);
- regras da CLT;
- disponibilidade dos colaboradores.
Outro detalhe importante é investir na utilização de ferramentas especializadas para criação e gerenciamento de escalas. A tecnologia é uma forte aliada para manter a organização com praticidade.
Conclusão
Organizar as escalas de trabalho com equilíbrio é importantíssimo para garantir o sucesso da empresa e da gestão do capital humano. Mais do que respeitar a legislação e garantir que o negócio terá o número de colaboradores que precisa para atender suas demandas, um bom gerenciamento de escalas se preocupa com os impactos financeiros e com o bem-estar do time.
Conhecimento nunca é demais! Assine gratuitamente a newsletter da Pipo gratuitamente para receber outros conteúdos incríveis na sua caixa de e-mails.