Exames periódicos: a importância para sinistralidade do plano de saúde

Por

Thiago Liguori

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Thiago Liguori

Publicado em

26/2/24

Prevenir é o melhor remédio, já diriam os mais antigos. Pois, quando se trata de diminuir a sinistralidade do plano de saúde, a prevenção através do exame periódico confirma essa máxima.

Afinal, o exame periódico pode diagnosticar com antecedência diversas questões relacionadas à saúde do trabalhador e, que se forem tratadas cedo, vão gerar menos custos para os planos de saúde.

Isso porque, quanto mais os colaboradores utilizam o plano, principalmente para tratamentos mais caros, maiores podem ser as taxas na hora da renovação.

Ficou confuso? Então, se você quer entender um pouco mais sobre a importância do exame periódico de empresa e sua relação com a sinistralidade, a gente te explica!

Neste conteúdo você verá:

O que é e para que serve o exame periódico

Exame periódico é um exame físico que os funcionários precisam fazer de forma regular com o intuito de identificar problemas de saúde que tenham relação, ou não, com as atividades que exercem. Além disso, ele também comprova a capacidade do colaborador de continuar exercendo suas tarefas.

Ele faz parte da SST - Saúde e Segurança do Trabalho que é um conjunto de procedimentos que garantem a integridade dos profissionais no seu ambiente de trabalho.

Sua principal função é proteger a saúde dos trabalhadores, mas o exame periódico de empresa também atende diversos fatores, tais como:

  • Auxilia na mudança de função de colaboradores que possuem doenças ocupacionais;
  • Avalia se os colaboradores podem ou não desempenhar certas funções;
  • Coleta dados que podem ser utilizados para melhoria das condições de trabalho ou para análise epidemiológica;
  • Evita problemas em ações trabalhistas;
  • Identifica doenças e deficiências;
  • Orienta os colaboradores sobre sua saúde;
  • Reduz perdas em produtividade causadas por possíveis afastamentos por motivo de doença;
  • Serve como base para alterações ergonômicas nos postos de trabalho;
  • Serve como local de escuta para queixas e dúvidas dos colaboradores de forma imparcial.

Exame periódico: a importância para sinistralidade do plano de saúde

Sinistralidade é uma taxa que, conforme o próprio nome já diz, tem a ver com a quantidade de sinistros que ocorrem no plano de saúde. Ou seja, cada vez que um beneficiário utiliza o plano é considerado um sinistro que gera custos para o plano de saúde.

Sendo assim, o índice de sinistralidade é a razão entre o que a operadora de saúde gasta com os sinistros e quanto ela recebe da empresa no mesmo período de tempo.

E o que os exames periódicos têm a ver com a sinistralidade? Muito!

Afinal, o objetivo principal do exame periódico de empresa é detectar quaisquer alterações na saúde dos colaboradores de forma que eles possam receber tratamento prévio ou até evitar que precisem de algum tipo de intervenção.

Sendo assim, na teoria, se todas as empresas realizarem com a frequência necessária os exames periódicos, reduzirão a necessidade de consultas e procedimentos dos colaboradores no plano de saúde, reduzindo a taxa de sinistralidade.

Aliás, a gente já falou sobre a importância da sinistralidade aqui no blog e o quanto ela pode impactar no reajuste do plano de saúde.

Empresas que investem em programas de acompanhamento e ações de saúde tendem a reduzir o índice de sinistralidade, tendo, inclusive, negociações melhores na renovação do plano.

Benefícios dos exames periódicos na prevenção

Os exames periódicos exercem um papel fundamental na prevenção de doenças e na promoção da saúde, já que é uma oportunidade de detectar precocemente problemas e adoção de medidas preventivas.

Alguns dos benefícios são:

  • Aconselhamento médico: oportunidade de receber aconselhamento de profissionais da medicina do trabalho sobre práticas de saúde preventivas, nutrição, atividade física e gerenciamento do estresse;
  • Aumento da eficácia do tratamento: iniciados precocemente, os tratamentos podem ter uma taxa de sucesso maior;
  • Detecção precoce de doenças: exames regulares podem ajudar a identificar condições antes que elas se tornem mais graves ou causem complicações;
  • Melhoria na qualidade de vida: adotar medidas preventivas pode melhorar a qualidade de vida e ajudar a manter um estado de saúde geral melhor;
  • Promoção da saúde: os exames ajudam a monitorar indicadores de saúde, permitindo ajustes para promover uma vida mais saudável;
  • Rastreamento de condições específicas: dependendo da idade, histórico médico e fatores de risco individuais, os exames periódicos podem incluir testes específicos para doenças como câncer, diabetes, hipertensão, entre outras.
  • Redução de custo: intervenções precoces geralmente são menos invasivas e menos dispendiosas tanto para o beneficiário quanto para o plano de saúde.

Redução de custos para a operadora e para o beneficiário

Conforme mencionamos, a realização dos exames periódicos atuam na redução de custos para a operadora e para o beneficiário. Isso acontece também por conta das seguintes situações:

  • Gestão de doenças crônicas: exames periódicos podem reduzir complicações e descompensações que geram custos mais elevados;
  • Menor necessidade de tratamentos intensivos: detectar e tratar condições médicas antes que elas se tornem críticas pode diminuir a necessidade de procedimentos cirúrgicos caros;
  • Negociação de custos com fornecedores: as operadoras podem negociar com laboratórios e prestadores de serviços médicos para reduzir os custos de exames periódicos em larga escala;
  • Promoção da saúde e prevenção de doenças: investir em exames periódicos como parte de programas de medicina preventiva pode diminuir a incidência de doenças crônicas, reduzindo assim os gastos a longo prazo com tratamentos médicos;
  • Redução de hospitalizações: ao identificar problemas de saúde cedo, pode-se evitar os custos de hospitalizações prolongadas.

Inclusive, existem casos de empresas como a americana MDVIP, subsidiária da P&G - Procter & Gamble, que demonstrou taxas 80% menores de hospitalização que a população em geral, e uma economia de gastos de cerca de US$ 300 milhões ao sistema de saúde, através da utilização de programa de cuidados preventivos personalizado.

Tipos de exames indicados

O exame periódico é praticamente composto de uma anamnese completa clínica e ocupacional, além de um exame clínico.

A anamnese consiste em uma entrevista onde o colaborador relata sintomas e conta um pouco do seu histórico de saúde, bem como as condições de trabalho.

Já o exame clínico é um teste físico que engloba uma observação visual, tato, percussão e ausculta com estetoscópio.

Durante o exame, avalia-se a saúde geral do trabalhador, bem como se ele possui algum problema físico ou mental que o impeça de realizar suas atividades.

Dependendo do cargo ocupado pelo funcionário, podem ser solicitados alguns exames extras, tais como:

  • Acuidade visual: mostra se há algo de errado com a visão; 
  • Audiometria: avalia a audição;
  • ECG - Eletrocardiograma: capta os batimentos cardíacos e analisa a saúde do coração; 
  • EEG - Eletroencefalograma: capta a atividade elétrica do cérebro; 
  • Espirometria: avalia a capacidade pulmonar; 
  • Laboratoriais: exames e testes realizados em laboratórios de análises clínicas; 
  • Psicotécnico: avalia personalidade, habilidades e aptidões; 
  • Raio x: exame de imagem que identifica alterações de ossos e órgãos;
  • Teste ergométrico: prova de esforço físico feito em uma esteira.

Relação entre exame periódico e gestão de doenças crônicas

Já ficou claro o quanto os exames periódicos podem ajudar na prevenção de doenças em geral. Dessa forma, quando o colaborador já possui uma doença crônica, os exames podem auxiliar no monitoramento e na detecção precoce de complicações.

Também é possível ajustar o plano de tratamento, orientar sobre mudanças de estilo de vida e reduzir os riscos de agravamento ou de outras doenças como derrames, danos nos rins, entre outros.

Isso faz com que o trabalhador tenha a possibilidade de uma melhora na qualidade de vida se houver uma preocupação de prevenção por parte da empresa.

Engajamento dos beneficiários na realização de exames periódicos

Por mais que o exame periódico de empresa seja obrigatório, muitas vezes os trabalhadores ficam receosos de realizá-lo. Sendo assim, é papel da empresa engajá-los na prevenção de problemas de saúde.

Para que isso ocorra, a empresa pode conscientizar a todos sobre a importância dos exames para a manutenção da saúde através de materiais informativos.

Também pode fazer parcerias com clínicas e empresas especializadas na realização dos exames que facilitem o acesso do colaborador, seja perto de suas residências ou até no próprio ambiente de trabalho.

A empresa também pode oferecer incentivos como brindes ou descontos para os colaboradores que realizarem o exame, como forma de aumentar o engajamento.

Desafios e barreiras na implementação de programas de exames periódicos

Como falamos acima, muitos colaboradores ficam preocupados com a realização dos exames.

Sendo assim, é papel da empresa utilizar estratégias para lidar com as barreiras impostas. Seguem algumas sugestões:

  • Acompanhamento contínuo: ofereça suporte para entender os resultados e, se necessário, encaminhamento para tratamento adicional;
  • Atenção à saúde emocional: aborde o medo e ansiedade associados aos exames médicos oferecendo suporte emocional e informações claras sobre os procedimentos;
  • Foco na comunicação: adapte os materiais educativos para atender à diversidade, respeitando as necessidades específicas de diferentes grupos, suas crenças e valores;
  • Tecnologia: explore o uso de aplicativos de saúde ou plataformas online, tornando o processo mais conveniente.

Importância da comunicação e educação sobre exames periódicos

Conforme mencionamos, a comunicação é uma das estratégias para lidar com as barreiras impostas pelos colaboradores aos exames periódicos.

Sendo assim, podemos utilizar diversas ferramentas para informar e motivar os beneficiários a participarem de exames, tais como:

  • Campanhas de conscientização: criar campanhas online e offline, utilizando mídias sociais ou outros meios, para incentivar a participação ativa nos exames;
  • Eventos educativos: organizar eventos como workshops, palestras ou seminários, ministrados por profissionais de saúde para informar sobre a importância dos exames periódicos e esclarecer dúvidas dos beneficiários;
  • Guias de autocuidado: oferecer guias que ajudem os beneficiários a entender os resultados dos exames e a tomar medidas para melhorar sua saúde com base nesses resultados;
  • Histórias de sucesso: compartilhar histórias reais de pessoas que se beneficiaram dos exames periódicos, destacando como a detecção precoce ajudou na prevenção de complicações ou na melhoria da saúde, pode motivar outros a fazerem o mesmo;
  • Lembretes personalizados: usar sistemas de lembretes automatizados por e-mail, mensagens de texto ou aplicativos de saúde;
  • Materiais educativos: folhetos, panfletos e infográficos que transmitam a importância dos exames periódicos, os benefícios da prevenção e os procedimentos envolvidos;
  • Portais de saúde e aplicativos: oferecer plataformas online ou apps com informações detalhadas sobre os exames, agendamento, acompanhamento de resultados e educação contínua sobre prevenção e cuidados de saúde.

Impacto dos exames periódicos na renovação e negociação de contratos

Como dissemos lá no início, a realização dos exames periódicos pode ter um impacto direto na redução da sinistralidade e, consequentemente, na diminuição de custos na renovação dos contratos com as operadoras.

Esses fatores aumentam a capacidade da empresa de realizar negociações favoráveis com taxas mais baixas na renovação.

Já essa redução resulta em um aumento na satisfação dos beneficiários, pois, além de terem um custo menor, ainda são valorizados pela empresa que se preocupa com seu bem-estar.

Perguntas e respostas sobre o exame periódico

O que diz a CLT sobre o exame periódico?

Assim como os exames admissional e demissional, o exame periódico é exigido por lei. Além da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, ele também está regulamentado pela NR 7 - Norma Regulamentadora 7 que trata do PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

A CLT afirma que:

Art. 168 - Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho:

  • I - a admissão; 
  • II - na demissão;
  • III - periodicamente.

Além disso, ainda no Art. 168:

§ 2º - Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer.

§ 3º - O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.

Já a NR 7 afirma que:

7.5.6 O PCMSO deve incluir a realização obrigatória dos exames médicos:

  • a) admissional;
  • b) periódico;
  • c) de retorno ao trabalho;
  • d) de mudança de riscos ocupacionais;
  • e) demissional.

7.5.7 Os exames médicos de que trata o subitem 7.5.6 compreendem exame clínico e exames
complementares, realizados de acordo com as especificações desta e de outras NR.

7.5.8 O exame clínico deve obedecer aos prazos e à seguinte periodicidade:

  • I - no exame admissional: ser realizado antes que o empregado assuma suas atividades;
  • II - no exame periódico: ser realizado de acordo com os seguintes intervalos:
  • a) para empregados expostos a riscos ocupacionais identificados e classificados no PGR e para portadores de doenças crônicas que aumentem a susceptibilidade a tais riscos:
  • 1. a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico responsável;
  • 2. de acordo com a periodicidade especificada no Anexo IV desta Norma, relativo a empregados expostos a condições hiperbáricas;
  • b) para os demais empregados, o exame clínico deve ser realizado a cada dois anos.

Qual o período ideal para realizar este exame médico? 

Conforme o que mencionamos sobre a NR 7, o período ideal varia de acordo com o risco ocupacional da empresa, ou os seguintes fatores:

  • Empresas de risco ocupacional 1 e 2: são aquelas que têm menor risco de acidentes e doenças ocupacionais. Nesse caso, os funcionários entre 18 e 45 anos precisam de exames periódicos a cada 2 anos e quem tem menos de 18 ou mais de 45, a cada um ano;
  • Empresas de risco ocupacional 3 e 4: são aquelas que têm maior risco de acidentes e doenças ocupacionais. Nesse caso, os colaboradores precisam de exames periódicos a cada um ano ou menos;
  • Trabalhadores com doenças crônicas: nesse caso, o exame deve ser feito a cada um ano;
  • Trabalhadores em atividades e operações insalubres: conforme a NR 15, os exames periódicos devem ser realizados a cada 6 meses ou imediatamente após acidente, após término de incapacidade temporária, em situações especiais ou por solicitação do mergulhador ou empregador.

A tabela com a classificação das atividades econômicas e seu correspondente grau de risco você encontra na NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.

Em caso de colaboradores afastados, estes precisam de um exame periódico antes de voltar às suas funções.

Como organizar os exames médicos periódicos?

Manter os exames periódicos em dia é fundamental para que a empresa não corra o risco de receber multas ou se surpreender com uma ação trabalhista.

Sendo assim, algumas orientações podem auxiliar o RH a manter a organização:

  • Arquive os documentos e mantenha-os sempre à mão, caso ocorra algum processo trabalhista;
  • Conte com uma empresa especializada para manter todas as obrigações trabalhistas e de saúde ocupacional;
  • Faça uma planilha com os prazos dos próximos exames, já deixando agendados com antecedência.

Quais as consequências de não fazer?

Para o trabalhador, a consequência é não detectar possíveis problemas de saúde.

Já para a empresa que não realizar o exame periódico, está sujeita a multas e autuações de órgãos fiscais. Além disso, a empresa ainda corre o risco de sofrer prejuízos financeiros significativos em caso de ações trabalhistas de funcionários que alegam ter adquirido uma doença ocupacional, por exemplo.

O que acontece se houver algo errado?

Se o exame periódico determinar que o colaborador está inapto para exercer sua função, existem algumas alternativas para a empresa:

  • Alteração de função para outra a qual ele possa exercer;
  • Afastamento do funcionário pelo INSS, caso não haja possibilidade de realocamento.

É importante salientar que o colaborador não poderá se manter na atividade a qual ele foi considerado inapto e deve ser afastado imediatamente sob pena de multas e ações judiciais.

O funcionário recebe folga no dia do exame periódico? 

Não. Não há folga no dia do exame. Dessa forma, por mais que a realização do exame periódico seja feita durante o horário de trabalho, ao final, o colaborador deve retornar à empresa e cumprir o restante da sua carga horária.

Inclusive, por mais que não exista uma previsão expressa na legislação, por ser uma responsabilidade do empregador, o exame periódico deve ser realizado em dia normal de trabalho e não em dias de folga ou férias do trabalhador.

O exame periódico é obrigatório?

Segundo a CLT e a NR 7 o exame periódico é sim obrigatório tanto para a empresa quanto para o colaborador. Tanto os exames básicos quanto os complementares, se forem necessários.

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